sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pai chão

O Amor deu de queixar do meu silêncio
Que bobagem

Nunca deixarei de fazer versos
Apenas mudei o endereço

Olhe Amor o verso da nossa casa
O jardim onde colho esses calos
Que inspiram cores e trepadeiras de uvas

O tom
Entretons de ventos
Em contrastes do singelo
Com a sofisticação do nosso balcão
Que é o convite da delícia de cozinha

Veja Amor essa luz
O vento cortante da nossa mudança
Nossas árvores
Nossas alianças

Hoje é dia de falar da nossa brasa
Do frio gostoso que a chuva traz
Nos lábios do seu beijo de verão

Do sol pelado descendo acamado
Afunilado nas folhas do nosso Valparaíso
Respeitando esta paisagem centenária
Cedente da felicidade de outas famílias
Que também foram felizes como somos

Nenhum poema é mais belo que uma casa
Com suas bases métricas
Possibilitando pinturas curvas

Hoje sou também carpinteiro
E ter aprendido nesse fazer de me tornar pedreiro
E cozinheiro do nosso amor
Arrisco a dizer que Drummond está para a construção civil
Como Niemeyer para sua poesia libertária
Tudo somos nós Amor
Estamos dentro disso tudo
Dessa brasilidade frutífera que adoça o nosso café
E grãos de aveias, cimento, granito e areia
Porque poesia é tudo que é chão
Pai chão raiz de nossa vida.