Encomenda de doces na confeitaria
Faz bater gelado o coração da poesia
E na cozinha onde se mistura os versos
Queimo a boca com o doce expresso
Assim já não posso escrever...
Consumi meus vinte poucos anos
Como uma lenha que virou cinza
As minhas cores estão na sua natureza
No sol que há na dança das palavras
Na correnteza do rio que desce...
Como quem foge dos seus versos
Agora sou um regador de jardins
Um jardineiro serafim
Confeiteiro das gramas
Cuidador de azaleias
Amante fiel do sol
Não verso mais histórias
Cavalgadas no intervalo
Entre o tempo romântico
E o moderno
Sou o jardineiro do agora
Desenhista do tempo
Impressor da geografia de Milton Santos
Nos versos libertários que planto
E esta é a minha canção.