quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Com sintonia

O vento de primavera soprou no meu ouvido
E o verso deu de cantar nos jardins

Na estação do pólen tem se um canto de euforia
A cor das flores transforma os objetos em seres
A poesia em canto
A música em verso
O canário em terra
E o milho em lua

Na estação de trem
A sensação das flores
O barato do milho
E o danado do tempo
Soprando tudo

Na crista do vento de uma primavera
O pólen desfila muito mais alto que em outras estações
Maria sopra muito mais fumaça
E o trilho de Tiradentes fica bem mais curto

Hoje acordei com o fio do ninho na boca
Falei um monte sobre a natureza humana
Sobre a vida sob conta de corda
E o cordel de fogo do trem encantado
Claro

O cordel que pulula nos olhos
Toma de assalto o ouvido
E então ela ainda mais linda
Canto um verso lá onde o trem passa.