quarta-feira, 4 de julho de 2012

A cidade


As manhãs de julho são como estou
Serração fechada e o sol custa a sair da cama

Os desafios do dia são de céu limpo
Não tenho amor para os versos
Nem companhia para o vinho

Meus amigos mudaram
A poesia fez uma lagoa

A cidade serrou as portas
E não há botecos subversivos
Toda a paisagem esta sem graça

Bares se tornaram anacrônicos
Os garçons perderam a personalidade
São todos agradáveis e robóticos

Os carros são praticamente iguais
Como os cabelos esticados em formol
Seios recheados de sílica
E roupas de borracha

Pessoas são quase pedra
Não leem poemas
E a música é prapular
Para os que choram, remédio
Farmácia já há mais que boteco
Os que não tem médico, crack
E os que tem coragem, se foram.