terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sem Rumo


No meu quarto sete livros que não vou ler
A maior parte ficou para trás de propósito
Comprei um violão e não levo jeito
Tento escrever e é tudo lixo de internet
Tentei estudar e achei tudo sempre sem graça
O médio foi uma luta de foice
Faculdade virou novela

 

Planto as flores e são apenas flores
Olho as pessoas e vejo sobreviventes
Vou a praia e a praia é apenas praia
Volto para a casa e é somente a casa
Estacionada

Com todas as mesmas cobranças
De ser o que nem mesmo sei

 
Penso no amor
E ele é apenas dor e recusa
Quando muito...
Cobrança

Feliz quem não viveu
Sorte daquele que não nasceu

O que tirar da vida?
Um passeio?
Um desenho?
Uma transa?

 

Sou um índio perdido no meio desta civilização agitada
Fui expulso da minha terra e misturado
Fizeram-me nascer num quadrado da cidade
Com paredes
Comida enlatada
E vizinhos estranhos
Com músicas deslumbradas

Não sou mais índio
É hora de assistir a TV
Silêncio.