Sou o letreiro das cidades
Da poesia de garagem
De montador de engrenagens
Manipulador de vapor
Cimenteiro de cumeeira
Nasci letra de cinema
Música de favela
Atonal tanque de gasolina
Quebrando a nota onde ela termina
Fiz poema de manifestação
Desci as ruas do capital
E cuspi nos cretinos
Que saíram aos cantos
Com medo de vicentinas praças
Escrevi letras institucionais
E blogs infernais
Cavando a tortura
Das minhas amarguras
Fiz casas
Lindas praças
Sem nenhum capital
Das praças tanto roubadas
Que perdem o preço de uma acácia
Ou um papo na Cabana do azar de alguém
Com sua prenda dos lábios de mel
Ah José
Quero viajar no segredo desta tua deusa
Guardiã das luzes do nada
Posto tudo em nossa encruzilhada
Eu sou o domador do lenhado
Sementeiro de rosas vermelhas
Que abre sorrisos no teu coração.