segunda-feira, 25 de março de 2013

Letreiro


Sou o letreiro das cidades
Da poesia de garagem
De montador de engrenagens
Manipulador de vapor
Cimenteiro de cumeeira

Nasci letra de cinema
Música de favela
Atonal tanque de gasolina
Quebrando a nota onde ela termina

Fiz poema de manifestação
Desci as ruas do capital
E cuspi nos cretinos
Que saíram aos cantos
Com medo de vicentinas praças

Escrevi letras institucionais
E blogs infernais
Cavando a tortura
Das minhas amarguras

Fiz casas
Lindas praças
Sem nenhum capital
Das praças tanto roubadas
Que perdem o preço de uma acácia
Ou um papo na Cabana do azar de alguém
Com sua prenda dos lábios de mel

Ah José
Quero viajar no segredo desta tua deusa
Guardiã das luzes do nada
Posto tudo em nossa encruzilhada

Eu sou o domador do lenhado
Sementeiro de rosas vermelhas
Que abre sorrisos no teu coração.