Pessoas feias
Nunca morrem de amor
Não se atiram a paixão
E sem vida pra pedalar
Colocam pregos no caminho dos outros
Pessoas feias
Desalojam as paixões
Entristecem a infância
Confundem as almas
Escondem-se em crenças
Pessoas feias
Fazem questão de coisas
Sabotam os amores
Compram almas magras
E andam com ares superiores
Pessoas feias
Dão por interesse
Não recebem de bom grado
Desacreditam a poesia
São rabugentas e insignificantes
Pessoas feias
São preconceituosas
Não se dão aos amigos
Tem vergonha de festas
Miseráveis não repartem o bolo da vida
Pessoas feias
Não leem Drummond
Desacreditam as coisas de Minas
Acham livros desperdício
Não entendem Tchaikovsky
Pessoas feias
Desconversam de sexo
Não acendem fogo
Ou sedução
Não gozam o prazer de mastigar o amor
Pessoas feias
Reclamam dos vizinhos
Do mundo
Da alegria
E acumulam coisas inúteis
Pessoas feias
Prendem crianças e cães no quintal
Sequestram a felicidade
Espalham o medo como conselho
E se pautam pelo pessimismo
Pessoas feias
São cada vez mais feias
A cara fechada atrofia a pele
E petrifica o coração.