Morada de retalhos criativos
com as lamparinas soprando a
serração
Nessas horas em que a lua beija
os amantes
E a grandiosa serra banha seus
jardins
Garrafas derramam sobre as
almas
o perfume do vinhedo inebriante
A serra sem nenhuma piedade
sopra
No cair de sua madrugada a
geada
Que se dissipa com o calor
esculpido
Em imagens surreais de fogo
São deste encontro e síntese
O choque entre o frio e lenha
A dança da serração e fumaça
Do pau e da brasa que se
acinzenta
Como o pó, o sono e o desmaio
O silencio rompido com o beijo
que estala
Na madeira rompante que penetra
o queimador
Entre roça e mistério e cidade
oculta
Entre a brincadeira ofuscante
do céu
Assim é seu ensaio
Desmaio do tempo e eternidade
Que crava nos pés desta serra
As letras de sua poesia.