sexta-feira, 3 de maio de 2013

Poema da Pedra


No meio do caminho
Dormia uma grande pedra
Onde a água espuma a miragem

O índio desce percorrendo a Serra
Com o rio a desaguar por suas entranhas

Rasgando a gruta sagrada
Cuspindo cachoeiras
Que entornam delícias

E vai de mergulhos fundos
Tragando suas encostas
Assentando em seu dorso
Arrepiando suas bromélias
Com o céu a assistir aberto
Teus movimentos curvos

E como o sangue
E como a água
E como a pedra
Rio e entorno
O pó de flor
Que semeia a caverna

É como se a pedra pudesse cantar
A canção do índio sobre a pedra
Com o rio o dançar por sua gruta
Atravessando toda serra
Lentamente descendo
Fustigando seu remanso fundo

A espreita do sol
A vontade de lua
Abrindo caminho
Como a cachoeira que desce.